Falamos anteriormente sobre os encantos e perigos de um homem histérico, aquele sedutor compulsivo, que acaba frustrando as [muitas] mulheres conquistadas, pois, em geral, não consegue aprofundar uma relação além do flerte.
Hoje falaremos sobre um perfil masculino que pode ser muito perigoso para a saúde emocional das mulheres que por ele se apaixonam [sim, mulheres no plural]: o perverso. Ele seduz, manipula, vampiriza e mente, causando assim muito desequilíbrio.
Libertar-se de um sujeito com essa estrutura psíquica é muito difícil. Não raro ele mantém um "harem" de ex-casos amorosos que periodicamente alimenta com sua sedução - e elas derretem-se diante de sua atenção.
Quais as características predominantes de um sujeito perverso?
A característica mais evidente é a sedução. Mas ao contrário do homem histérico, que seduz por impulso (necessidade inconsciente), o homem perverso seduz com intenção de manipular e controlar as pessoas ao seu redor. Ele pode fazer isso por meio da incitação sexual, do choro ou da sedução de ordem financeira.
Seduzindo as pessoas de sua relação (independente do gênero/sexo), acaba vitimizando-as e sugando seus recursos e energias, o que marca outra das características comportamentais do perverso: o vampirismo.
Os perversos costumam fazer uma escolha narcísica de objeto, quer dizer, ele busca estabelecer relações mais intimas com aqueles que se assemelham com ele ou por quem é como ele gostaria de ser (inveja).
Sua escolha homossexual de objeto o leva a ter amor somente por si mesmo. Assim, quase nunca leva em consideração os sentimentos e necessidades do outro.
O problema é que, em seu constante jogo de sedução, ele faz parecer que está atento e sensível aos sentimentos/necessidades da pessoa "amada". Se o perverso tiver alto desenvolvimento intelectual, fica ainda mais difícil acreditar no contrário. Quer dizer, por mais que vários sinais mostrem falta de cuidado em muitos momentos, o discurso e as ações compensatórias (integrantes do jogo de sedução) geram uma dissonância cognitiva, uma contradição. A mulher apaixonada, diante dessa contradição, precisa escolher em qual das hipóteses acreditará... e adivinhem por qual normalmente ela opta? Claro, geralmente ela é seduzida pela história que ela idealiza, ou mais popularmente dizendo: cai na "conversinha mole".
Outra característica marcante do perverso é a mentira: é um mentiroso patológico, que sabe mentir muito bem e convencer as pessoas de que está certo. Utiliza de retórica sofística, demagogia e apelo emocional na mentira com o intuito de conseguir o que quer. Ou seja, ele é um ator! Mente descaradamente para tirar benefícios e é capaz de fazer isso mesmo que traga prejuízo para outras pessoas. A teatralidade e a falta de constrangimento são marcas bem características.
Os perversos possuem um sistema de moral e de justiça muito peculiar baseado em sua centralidade narcisista. Por isso podem ter problemas com autoridade. O perverso sente um imenso prazer em desafiar regras morais e legais, sentindo-se desconfortáveis quando estão sob a autoridade de um chefe, parceiro, juiz, policial ou de qualquer outra função normativa. Quando são obrigados a aceitar uma ordem, podem fazer o serviço mal feito ou sabotar o trabalho.
Quando você se relaciona com um sujeito perverso, você simplesmente não consegue enxergá-lo assim. As pessoas a sua volta podem lhe alertar, mas a forma como o perverso se constrói pra você conflita com o que as pessoas dizem e, claro, você o conhece melhor do que elas, não é mesmo? Então você vive numa relação infeliz acreditando que está feliz e que as coisas ruins são você mesma que está criando. Um perverso inteligente sempre fará com que a culpa de tudo pareça sua. E ele pode ser muito cruel fazendo isso.
Lembremos que o perverso é um sedutor. Ele fará isso com uma, duas, dez, cem mulheres. Fará isso com mais de uma mulher ao mesmo tempo, inclusive. E elas acreditarão que são únicas, que são diferentes, que são especiais. Elas varrerão todos os sinais do contrário para baixo do tapete. As histórias com outras mulheres que porventura descobrirem serão justificadas com: "Ah... aquela lá era uma louca sem-noção que se apaixonou por ele e queria ser retribuída como eu sou, mas não foi". E sim, elas acreditarão que todas as outras são passado, porque enquanto ele está com elas ele simplesmente não tem olhos pra mais ninguém.
Ledo engano: geralmente ele mantém os ex-casos amorosos amarrados por uma cordinha na qual vira e mexe dá uma puxadinha, quer dizer, elas nunca viram totalmente passado, elas não conseguem desvincular-se dele, mesmo que queiram. E, claro, várias novas conquistas estão porvir.
Mas o título desse post fala sobre psicopatas... cadê eles aqui?
A psicopatia é uma das manifestações mais extremas da personalidade perversa. Trata-se de uma excessiva manifestação de egocentrismo, incapacidade para o amor não narcísico, falta de remorso, vergonha ou culpa, tendência à mentira e à insinceridade, vida sexual impessoal, charme envolvente mas superficial, boa capacidade retórica, inclinação para se fazer de vítima e boa capacidade cognitiva sem comprometimento com a percepção da realidade.
Se você acha que o psicopata é apenas aquele frio serial-killer, está redondamente enganada. Apenas uma pequena parcela deles chega ao extremo de matar [e, infelizmente, você só descobriria estar diante de um deles tarde demais].
Os psicopatas leves e moderados estão por toda parte, causando sofrimento ao seu redor, camuflados de pessoas comuns - geralmente "boas pessoas". Pode ser um colega de trabalho, seu marido, um filho. Eles são pelo menos 4% da população, o que significa que temos no mínimo 7 milhões e 660 mil psicopatas no Brasil, ou seja, um a cada 25 pessoas.
Você conhece mais de 25 pessoas? Ops! Então você conhece, no mínimo, um psicopata.
Eles são pessoas frias, manipuladoras, cruéis e destituídas de compaixão, culpa ou remorso. Como perversos que são, utilizam-se de seu charme e inteligência para impressionar, seduzir e enganar quem atravessa o seu caminho. Quer dizer: você não identificará um psicopata facilmente. Você pode, inclusive, passar anos casado com um deles (felizmente, esse não foi o meu caso).
Como identificar que estou me relacionando com um perverso? E como me libertar dele?
Em primeiro lugar, preste muita atenção na sua relação. Por mais que você deseje que a linda história de amor que você vive seja real (e que ela realmente pareça bem real pra você), esteja atenta aos sinais contraditórios. Não aceite coisas que a magoam como sendo naturais ou como sendo culpa sua.
Dificilmente você questionará sua relação se "estiver tudo bem". Portanto, não se acomode. Questione. Ame-se acima de tudo, sempre.
Se estiver numa relação que apesar de trazer ganhos lhe causa muito sofrimento, é importante refletir. Que tal procurar ajuda? Fazer terapia é um processo de autoconhecimento muito rico para Mulheres de Verdade.
É difícil identificar que seu grande amor tem uma personalidade perversa. Identificando isso, é difícil aceitar. Aceitando, é difícil desvincular-se - mesmo porque você o ama e quer ajudá-lo a se curar, né? Mas você PRECISA se afastar. Precisa lutar contra sua enorme necessidade por aquela pessoa e contra sua enorme vontade de que ela apareça de repente e prove que toda a ilusão que vocês viveram era real.
Não vai acontecer, baby.
Eu sei... "você é diferente", "você é especial". Só que não.
Afaste-se, apoie-se em seus amigos, viva a filosofia do AA: "um dia de cada vez", "só por hoje".
Se é fácil??? Difícil pra caramba. Mas não é impossível e sei que você pode. E a chave está numa expressão formada por apenas duas palavrinhas: AMOR PRÓPRIO.
- Leia também: A Ursinha Rosa e a Cobra Psicopata
Fontes de consulta:
- Estruturas e clínica psicanalítica - Joël Dor
- Perversão - Wikipedia
- Um olhar humanista da perversão/A view humanistic of perversion - Bruno de Morais Cury e Vivaldi Victor Moreira Salomon
- Mentes perigosas: O psicopata mora ao lado - Rose Domingues